sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Hoje

 Imagem coletada no Google
 

Hoje, inesperadamente,
a chuva banhou
a face de minha existência.
 
Minh’alma inquieta,
impotentemente,
debruçou-se na janela do meu aposento,
ouvindo, indolente,
as reclamações do meu eu. 
O sabor salgado das gotas,
que mansamente, deslizam e chegam aos lábios,
fertilizam, mais e mais, a melancolia,
e inundam as pradarias do meu ser.

É tarde agora,
o sol brilha lá fora!
Mas, dentro em mim rugem ventos
que sacodem o sul e norte do meu eu.
E, eu?
Fragmento que sou nessa imensidão,
quedo-me no berço dessa solidão.

Vagam os pensamentos
quais ondas turbulentas
em alto mar,
nada, alivia o furor dessa procela
que enregela
e afeta a sistole e a diástole
do meu coração,
que bate no compasso
alucinado de mil tambores
furafando ao mesmo tempo.

Chove! Ouço trovões
ribomando lá nas profundezas da alma
e os relâmpagos da memória
quais pirilampos em noite escura
disparam fleshs,
tristes lamentos.

É noite, agora!
Lá fora, o céu cintila.
E no limiar de minha angústia
minha voz entrecortada, grita o teu nome!
E o eco se espalha no espaço
batendo nos vitrais coloridos das luzes de neon.

Então, olho pro céu, brilhante,
envolvida pelos braços da noite,
sinto a brisa tocar meu rosto molhado
e o vento sussurrando docemente: SAUDADE!

Transporto-me!
E vou nessa viagem solitária
contemplar o muro dos vitrais,
os quais refletem e vejo a tua imagem.

Meu sorriso apareceu nesse espelho
sublinhado por uma canção triste.
Já não sei quem sou e nem sei o que existe
dentro dessa imensidão, onde só posso pensar!

Onde meus olhos não conseguem ver, 
o que o coração insiste em querer!
Ah, esse coração que por si só não pode ser!
 
Edith Lobato

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Lamento

Imagem coletada no Google Imagens
Procuro nessa noite escura e fria,
Ouvir a gargalhada mais bonita.
Mas ouço a própria voz, aguda, aflita,
Num choro convulsivo de agonia.

Silente a noite passa e chega o dia.
E o coração sangrando, então, palpita:
Que em poucas horas vais descer à cripta,
E nunca mais verei tua alegria.

Queria uma vez mais sentir o afago,
Da voz vibrante, alegre tão querida,
Que foi farol, foi porto, foi guarida.

Queria ter-te um pouco mais na vida.
Porém, restou-me o pranto e a dor ferida,
De ver teu corpo exposto num sarcófago.

Edith Lobato