quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Solidão

Solidão
 
Sozinha, outra vez, aqui me encontro,
com minha velha pena sempre em riste
a rabiscar meu verso alheio e triste
a cruciar o peito lá por dentro.
 
Adejo com fervor o reencontro,
e o fim desta saudade que persiste,
a vasculhar o amor que em nós resiste
no berço da distância, desencontro.
 
As vezes olho longe e me desgarro,
da rima preciosa, companheira,
mas volto a encontra-la em teu sorriso.
 
No avulso da saudade eu sei que esbarro,
a te buscar na lira mais faceira,
que às vezes perco o tino e perco siso.
 
Edith Lobato - 30/10/16

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Conclusão

 
Conclusão
 
Quanto de ti meu ser deseja, anseia,
que o sangue fica afoito na safena,
e cada veia, artéria se incendeia,
minha alma exulta livre, leve e plena.
 
Meu ser pelo teu ser tão bem passeia,
e vibra quando vens e a mim acena,
um riso angelical que o meu campeia,
na confissão mais doce e mais serena.
 
Mas quando sinto em volta esse vazio,
concluo ser-me a vida muito ingrata,
por te querer assim, sem ter-te perto.
 
E sinto em minha derme todo o frio,
que a tua ausência causa, mas sou grata,
por dar-me o dom do amor, do amor liberto.
 
Edith Lobato - 30/10/16

domingo, 20 de novembro de 2016

Prenda

Prenda
 
Se não te importa nada o meu destino ou dano,
deixai-me na loucura deste amor que sinto,
que vibra em cada artéria e feito amor cigano,
destila em mim saudade em flor de amor faminto.
 
Amar-te foi, talvez, o meu pecado insano,
mas quem controla o amor quando se faz distinto,
profana, assim, razão fazendo-se tirano,
flameja dentro da alma feito vinho tinto.
 
Concedo-te por prenda o beijo mais profano,
o toque sensual em abissal vertigem,
até que reconheças teu corpo em espasmo.
 
Podeis, então, partir, amor amado arcano,
que o tempo te dirá se me tornei fuligem,
ao recordar meu corpo e teu, profundo, orgasmo.
 
Edith Lobato - 30/10/16

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Anda, apressa-te!

Anda, apressa-te!
 
Deixa-me chorar,
esse medo algoz
de perder-te nesta
escuridão eterna.


Tu,

meu poema maior,
rima dos meus versos,
deixa-me chorar,
ou rega-me com a tua
própria felicidade.
 
Ando cansada sobre
esta fúngica amargura
que retalha minha alma
e faz anémica minha alegria.


Já não sei diferenciar noite e dia,
e vivo na urgência
de que entendas
que estou partindo.
 
Anda,
é tempo ainda
de prolongar o tempo.


Que tenho que fazer,
meu poema maior,
para que sejas feliz?


Anda,

pois já avisto o voo
dos corvos sobre
minha cabeça e o
tenso fim que não almejei.
 
Edith Lobato - 1/11/16

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Bel prazer

 Bel prazer
 
Escuto dentro em mim, ainda, o teu arfar,
teu corpo, inteiro, afoito em combustão banhado,
meu corpo em convulsão do teu suor molhado,
o amor se faz presente e quente a dominar.
 
Tateio em tua estrada a boca a salivar,
te entregas sem pudor, sem te fazer rogado,
ao bel prazer, dulçor de um beijo demorado,
te faço montaria no eclipse lunar.
 
Teus olhos na penumbra, espelham mil desejos,
mistério em luz e cor em flamejante arpejo,
entrego-me ao sabor do amor que tens guardado.
 
No pódio acetinado, no fim de todo ensejo,
encontro a liberdade em desatino irado,
e assim te faço meu, sou tua bem-amado,
 
Edith Lobato - 02/11/16

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Reflexão


 
Reflexão
 
Ontem a chuva molhou
meus fios de cabelos brancos.
Eu estava sentada no pátio
a refletir sobre o legado
que alberguei na vida.
 
Ruminei fase por fase do meu enredo,
com os olhos fixos no tempo
que me consome, sem piedade alguma.
Toda a minha descendência eu vi e,
chorei. Por que chorei? Não sei!
 
Todos estão conectados e, há um
muro que separa nossas, abençoadas,
concepções sem conexões.
Não há reflexão e o diálogo se perdeu
em telas desconexas de mundos distantes.
 
Edith Lobato - 13/11/16


quinta-feira, 14 de julho de 2016

Talvez

Imagem colhida na Web
 
Talvez,
este coração aprenda que ele
estará sozinho no final da jornada.
Todas as ilusões vão se quedar;
os sorrisos se esgotarão
e ficará, apenas, o lance da saudade
em meio às, esmaecidas, lembranças.
 
 
Talvez,
eu me sente, nos fins de tarde,
no silêncio da varanda para sentir
a poesia que exala, delicadamente,
dos vasos floridos que hão de morrer,
junto à minha, infrutífera, inércia.
 
 
Talvez,
eu beba meu último gole de chá,
na caneca preferida olhando o azul
do céu ser engolido pelos flocos de algodão
e alinhave meu último poema de amor,
na jocunda imaginação dos teus braços
e do beijo que nunca te dei.
 
 
Então,
eu partirei feliz, por ter sentido
o toque do gelo e do fogo,
o sabor do amargo e do doce,
a dor e a alegria correndo por dentro
de mim feito água de cachoeira,
me transformando em poesia.
 
 
Edith Lobato - 22/01/16

domingo, 3 de julho de 2016

Em outros braços

Imagem coletada no Google Imagem
 

 
Ouves, este som que adentra teus ouvidos
e te traz as lembranças que tentas esconder
lá nos subúrbios dos teus campos de trigo.
São os nossos risos de felicidade e prazer.
 
Ouves? Essa brisa que canta suavemente,
se infiltrando em tuas memórias e te levando,
para longe, para o aconchego de um tempo,
onde fomos cúmplices de um amor ardente.
 
Sentes? Este calor que acelera teu sangue,
quando se levantam em teu subconsciente
os flashes de nós dois em majestosa alquimia
ao sabor dos raios lunares em postulante vigília.
 
Minhas memórias caminharão contigo
mesmo que em outros braços tu te aninhes,
Em meio aos arroubos de tua felicidade
teu coração, sempre, te dirá quem sou.
 
Edith Lobato - 10/02/16