domingo, 29 de junho de 2014

Sentires

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No quarto quando só na escuridão,
A traiçoeira sombra do desejo,
Insulta-me com gosto e eu te vejo,
Domado, entre meus braços, de emoção.
 

Te sinto arfante e sinto o coração,
Afoito e estremecido com meu beijo,
A meia luz do quarto em regozijo,
Nos pícaros da glória da paixão.
 

Porém ao regressar do etéreo sonho,
A solidão me despe do momento,
E então percebo a dura realidade.
 

Sozinha como dantes me disponho,
Atravessando só meu desalento,
Levando esta paixão que me invade.
 

Edith Lobato – 28/06/14

sábado, 28 de junho de 2014

Águas da Memória

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Inundam minh’alma estas águas passadas,
Que trago retidas em minhas memórias,
Algumas são odes, são cantos, são glórias;
Mas outras, somente, são penas juncadas,
Colhidas no tempo ao sabor das lufadas,
Dos ventos contrários do meu caminhar.
Lembranças que gritam, que fazem penar,
Que cortam, retalham meu ser em pedaços,
Que vestem de luto minh’alma, meus traços,
São lágrimas tristes, salgadas do mar.
 

As águas que escorrem de dia e de noite,
Nas grotas profundas do meu pensamento,
São vozes caiadas de dor, sofrimento,
Algemas de mim, meu chicote de açoite,
Que não me dão paz, muito menos acoite.
Eu luto com fé para não naufragar,
Nas águas do tempo que insistem borrar,
O riso que aflora nos lábios sem pejo,
O sonho que nasce qual água de um brejo
Com lágrimas tristes, salgadas do mar.
 

E neste retrato pintado na tela,
Eu bem sei que sou grão ilusório de sonho,
Que em meio as tormentas da vida que enfronho,
No vão da tristeza, da dor, da procela,
Ainda pressinto que a vida é tão bela.
Por isso que expurgo da face o penar,
E toda tristeza que vem me amargar.
Assim vou seguindo, cerzindo as hachuras,
Bebendo na taça do tempo as rasuras,
Das lágrimas tristes, salgadas do mar.


Edith Lobato – 07/11/13
 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ciclos

Eu já tive em minha vida alegrias,
Já machuquei e, também, já fui ferida,
Reconheci meus erros e exaurida,
Purguei sozinha as minhas agonias.
 
Eu já chorei de dores e angustias,
O pranto da terrível despedida,
De quem parti do seio desta vida,
Deixando-nos saudades, nostalgias.
 
Eu já fui prisioneira da ilusão,
E me cobri de luto e de desgosto,
No dorso de palavras tão ferinas,
 
Mas, hoje nos caminhos da razão,
Procuro não pensar no amargo gosto,
Do mofo incinerado das ruínas.
 
Edith Lobato – 16/06/14

terça-feira, 24 de junho de 2014

Lembrança

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Num tempo bem distante em nossa história,
Nós convivemos juntos, lado a lado.
E olhávamos, nós dois, o mesmo prado,
E toda a natureza, um céu de glória.
 

Porém na rota desta trajetória,
Jamais ficamos sós neste passado.
Nem beijo, nem algum toque roubado,
Ficou para aquecer nossa memória.
 

Seguiste pela vida porto em porto.
E fui também seguindo meus caminhos,
E tive dias rudes, tristes, baços.
 

Assim em sonhos quase natimorto,
Eu me fechei pra vida sem carinhos,
E longe te avistava em outros braços.
 

Edith Lobato


sexta-feira, 20 de junho de 2014

Recordação

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Relembro o nosso amor quando o destino,
Cruzou nossos caminhos e a paixão,
Vazando pelo nosso coração,
Nos pôs em sintonia e desatino.
 
Relembro o nosso amor e perco o tino.
Porque ainda te sinto qual verão,
Que aquece a terra com sofreguidão,
E abrasa o grande, o forte, o pequenino.
 
Mas hoje aqui sozinha em pensamento,
Te vejo em cada esquina e a vontade,
É de chamar por ti mais uma vez.
 
Domando meu veleiro ermo ao vento,
Eu sigo exorcizando essa saudade,
De ter nas minhas mãos a tua tez.
 
Edith Lobato – 10/01/14


Torpedo

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Escrevo-te estas linhas mal traçadas,
Enquanto tem sinal, meu celular!
Manhãs, tardes e noites, madrugadas,
A Vivo, a Tim oscila sem parar.
 
Serviços de emergências são, mancadas.
E indisponíveis ficam sem parar!
Também nos dizem vozes já gravadas,
Que as ligações não podem completar.
 
E se isso não bastasse a tal da net,
É campeã de quedas, lentidão,
Que até uma tartaruga dela rir!
 
Te mando e-mail via céu celeste!
Carinho e cheiro em vosso coração,
Pois roxa de saudade estou de ti!
 
Edith Lobato

sábado, 14 de junho de 2014

Trova 24

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A vida tem sempre a cor
nas ribas do sentimento.
As vezes é fel, é dor,
ou simples deslumbramento.
 

Edith Lobato – 26/05/14

Passado

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O tempo que provei tua cerviz,
Pra sempre vou levar no coração.
Viver como eu vivia, por um triz,
Na tua indiferença, ingratidão,
Não era vida e, sim, era tortura.
 

A boca que dizia que me amava,
Vertia fel, cuspia, me insultava,
Até que fui minguando igual a flor,
Na haste, esmaecida pelo sol,
Sem água que dê vida e alimente,
As células vitais pra perdurar.
 

Assim, eu fui aos poucos fenecendo,
E ancorei no porto, solidão.
 

Edith Lobato – 05/06/14

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Crepúsculo

Foto de Rubens Craveiro
No canto doce do canário,
a tarde dorme devagar.
O sol se põe e as nuvens dançam,
no firmamento, além do mar.
 
Na catedral badala o sino,
nas mãos pequenas do menino.
 
A tarde morre e finda o dia,
soluça versos de improviso,
num rastro imerso de poesia.
 
Tremulam folhas, galhos, flor,
nesse cenário furta-cor.
 
Edith Lobato

terça-feira, 10 de junho de 2014

Memórias

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Me arrastando nas horas vazias,
Fiz faxina nas minhas memórias,
E revirei as lembranças passadas.
 
Entre elas não vi teus abraços,
Nem teu corpo colado ao meu,
Pra aquecer minha alma no escuro.
 
Minha voz no silêncio ecoou:
 
Quantos beijos roubados, sorvi?
 
 
Edith Lobato