quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Um olhar para o passado

Imagem coletada do Google Imagens
     Hoje, ao entrar na sala de aula e olhar a turma como sempre faço, notei que havia um aluno escondido no canto da sala e com a cabeça baixa. Deixei que ele ficasse quieto, mas sabia que havia alguma coisa errada com ele. Depois da conversa informal de praxe para iniciar a aula, sentei-me e fui fazer a chamada.
     Ao chamar o número do referido aluno, notei que ele respondeu ainda de cabeça baixa, então parei, chamei-o pelo nome e pedir que ele levantasse a cabeça. Fiquei chocada e ao mesmo tempo surpresa com a mancha roxa em torno do olho esquerdo do aluno. Pedir que ele viesse até mim e iniciei uma conversa com ele em tom baixo.
     No diálogo, o aluno me disse que o acontecido se deu por motivo de simples brincadeira, que ele havia dito uma frase sobre a mãe do colega para revidar a ofensa que havia recebido sobre sua mãe e que o colega não gostara e havia levado a rixa para fora da escola. Perguntei-lhe como aconteceu a briga. O aluno disse que ia sozinho quando o colega surgiu em seu caminho acompanhado de outro colega que o segurou enquanto o colega ferido lhe batia na face e no estômago.
     Lembrei-me com saudade de um tempo onde as coisas me pareciam mais suave, até mesmo numa briga de adolescentes na escola. Lembro que naquela época, os meninos brincavam de bola de gude e de patela. As meninas brincavam de macaca, de boli-boli e de muitas outras brincadeiras que, hoje, não se ver mais entre as crianças deste tempo. A patela era uma brincadeira onde os meninos juntavam carteiras de cigarro vazias e as transformavam em cédulas, cada cédula tinha um valor, e eles se divertiam.
     Entretanto, lembro que sempre surgiam as desavenças entre um e outro, e que as mães eram sempre o alvo a ser atingido, especialmente quando um suspeitava que estivesse sendo passado para trás. Quando isto acontecia o ofendido cuspia no chão e dizia: isto aqui é minha mãe, pisa na minha mãe se tu fores homem. Havia uma torcida que gritava: pisa seu frouxo! Pisa logo na mãe dele! Se o adversário pisasse a briga estava feita, mas era algo que acontecia ali e terminava ali, não tinha aquela coisa de levar essas rixas para a vida social fora dos portões da escola.
     Na atualidade, crianças, adolescentes e jovens, agregaram em suas atitudes formas violentas de resolver as questões surgidas no dia-a-dia. Este é um fato que assusta os docentes, pais e comunidade escolar. Vivemos uma época onde paramos e nos perguntamos: O que está acontecendo? Porque não vemos mais a inocência nas faces destes pequenos? Por que tanta revolta dentro de seus íntimos? Por que suas ações revelam atitudes, cada vez mais forte, de violência, de destempero emocional, de vingança?
     Dentre tantas indagações em busca dos motivos desta mudança, o principal e maior deles aponta em direção a família. Os pais perdem o controle dos filhos ainda em idade muito tenra. Diversos fatores contribuem para esta desestrutura. Citá-las nesta reflexão acarretaria numa lista imensa. Mas, o fato é que os adultos de hoje, especialmente os docentes, são forçados a conviver com situações de total balburdia comportamental e se veem perdidos dentro de um sistema com planos bonitos, mas ineficazes.

 

Edith Lobato

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