quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Coisas do sistema

Imagem coletada no Google Imagens
     Dia desses, eu tinha coleta de sangue e urina marcada no Hospital Municipal para as seis e trinta da manhã. Levantei-me as cinco, me arrumei e fui cedo para tentar ser atendida e voltar para o trabalho. Chegando lá, em minha frente já haviam 185 pessoas, a ficha que eu peguei foi a de número 186, evidentemente. Ao apresentar a requisição de exames, fui informada que o exame de urina não estava sendo feito porque a máquina estava quebrada.
     Ao receber esta informação, ainda questionei com a atendente sobre o fato de que há um mês disseram esta mesma informação a minha irmã e a atendente me disse em tom seco: ainda não foi arrumada senhora! Assenti com a cabeça e posicionei-me na fila para esperar a hora da de ser atendida.
Haviam dispostos ali, apenas, três bancos, os quais já estavam, devidamente, ocupados. Depois de um tempo em pé, o corpo começa a pesar e, devido o corte nas horas de sono, a mente também começa a sentir as consequências. A espera acaba estressando.
     Para tentar não sucumbir ao estresse da espera, passei a observar as pessoas. Olhei as senhoras e senhores com vincos fundos na face, mãos calejadas, enrugadas, alguns com cã tão branquinha, que mais parecia flocos de algodão, olhos sem alegria. Mulheres ainda jovens, mas denotando um profundo desalento.
    A morosidade do atendimento e a falta de humanização nestas repartições públicas só contribuem para acentuar o desanimo e a descrença no que é público. Isto ocorre porque nenhum dos políticos que eu conheço vai para a fila do SUS granjear uma consulta, a maioria deles paga um bom plano de saúde ou recorrem ao atendimento particular e não precisam passar a humilhação do atendimento público, onde os equipamentos estão sempre quebrados, não tem médicos, os resultados de exames para serem entregues é uma eternidade, e etc., etc....
     Enfim, vivemos uma contradição formidável. Quando paramos para pensar que o país vai gastar milhões e milhões de reais nas Olimpíadas de 2016 e vai ficar endividado após este evento por uns bons e longos anos, e mais penúria virá sobre a massa, em especial sobre a saúde pública, ficamos realmente sem entender em que era de gelo estamos vivendo.
     A mudança da cor da vida, rubra quanto à face do sol para alguns, mas tão escura quanto à face da noite para a maioria, já não depende do nosso voto, mas do caráter que tem aqueles que vão governar.

 

Edith Lobato

Um comentário:

  1. Olá, ano passado, fui submetido a uma cirurgia neurologica na coluna,(no H.S.C.S - Santos) dos tratamentos neurológicos existentes este é dos mais complexos. Sobrevivi a cirurgia (tinha o risco de morte!) e hoje tenho parte da coluna em titânio. Como vê, fui um sortudo, tive bons médicos e competência hospitalar, mas bem sei que este não é o estado de coisas no Brasil de forma geral, na cidade que resido, favelas se multiplicam e atualmente já passam de oitenta, em uma cidade de 304 mil habitantes e pasme só há um hospital. Penso que um bom governante; seria aquele que cuidasse de moradia, saúde (preventivamente).educação, no mais quaisquer investimentos outros, só se houvesse situação zerada nas coisas basicas que um povo carece! Abraço fraterno!

    ResponderExcluir

Muito obrigada por deixar registrado em, Matizes da Alma, sua visita e sua opinião. Receba meu carinho.